Jornadas até a plenitude de Cristo -HAZEROTE 14/42

AS JORNADAS ATÉ A PLENITUDE DE CRISTO - HAZEROTE 14/42

“Partiram de Quibrote-Hataavá, acamparam-se em Hazerote”. (Nm 33:17)

“De Quibrote-Hataavá o povo partiu para Hazerote, onde se acamparam. Miriã e Arão falaram contra Moisés por causa da mulher etíope que ele tomara. Diziam: Porventura falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor ouviu. ” (Nm 11:35,12:1-2)

     A península do Sinai é como uma espécie de triângulo invertido no mapa. Partindo do Sinai, na parte de baixo, Israel, agora um exército ordenado, sobe em direção ao deserto de Parã, onde passarão muitas das próximas estações. Cumprida a etapa dolorosa de Quibrote-Hataavá, chegam em Hazerote, uma estação cujo nome significa “povoado”. A nação havia acabado de sair de uma experiência muito forte na estação anterior, onde muitos morreram por tentarem ao Senhor, desejando outro alimento. O Senhor concedeu o desejo das suas almas, mas os castigou e julgou severamente. Muitos, como vimos, foram sepultados ali naquele lugar, batizado como “túmulos de cobiça”. Podemos então entender que havia um temor muito grande no meio do povo pelo que havia acontecido. A partir daí, o que pode ser feito para que eles não mais sofressem tal castigo? Em Hazerote, Deus começa a ensinar um princípio que os livraria de muitos problemas dali pra frente, algo que muitas das vezes não é entendido, mas é de suma importância para o cumprimento do propósito: O princípio da autoridade espiritual.

     Definitivamente o reino de Deus não pode ser entendido como algo democrático. Não é a vontade do povo que prevalece. Pode parecer de difícil entendimento, mas em Hazerote, “povoado”, Deus quer ensinar que o povo não pode andar em direção a um propósito, sem uma liderança escolhida por Ele. Há muitos problemas que vivemos nos dias de hoje por não entendermos esse princípio: o sacerdócio é universal, de todos os santos, é verdade, mas Deus não aboliu a liderança de homens e mulheres nos seus ministérios para a condução do povo à plenitude de Cristo. Vemos isso claramente em Ef 4:11-14. Irmãos são designados por Deus para ajudar na condução do povo, para que esse povoado, possa se tornar maduro em Cristo, e continuar o processo em outros e assim por diante. Sem os ministérios, seriamos "meninos inconstantes levados ao redor por todo vento de doutrina”. Um povoado não pode se auto-liderar. Que triste ver hoje decisões espirituais eclesiásticas (não me refiro a decisões de cunho administrativo e patrimonial) sendo tomadas em algumas congregações baseadas em votações dos membros como uma democracia natural. Arão já havia tido a experiência de ouvir o “povoado” no episódio do bezerro de ouro; Saul teria a mesma experiência muito tempo depois.

     Miriã e Arão, repare a ordem dos nomes. Isso mesmo, Miriã tomou a frente de Arão e fez que ambos tocassem na autoridade de Deus na vida de Moisés que não precisou se defender. Não é necessário defender a autoridade quando ela vem do Senhor. Eles não sabiam que ao tocar na autoridade de Moisés, estavam tocando na autoridade de Deus. "Acaso o Senhor fala somente por Moisés e não por nós?” Claro que não! Sabemos que Deus pode falar até através de uma mula, se assim Ele quiser. A questão é que ali, naquele momento, Moisés era o líder que Deus escolhera para a condução ao propósito, e isso, claramente, não era por sua capacidade (um manso gago) mas pela escolha do próprio Deus. Hoje na Nova Aliança não estamos falando da submissão cega a uma pessoa somente, até porque a Bíblia nos ensina a “nos submetermos uns aos outros no Senhor”. No entanto, precisamos entender e reconhecer a autoridade que o Senhor dá a alguém no determinado tempo e, sim, nos submetermos a ela. Se fugirmos disso, achando que tudo o que Deus quiser fazer precisa passar necessariamente por nós, teremos problemas. E isso, infelizmente, não é tão incomum no meio da igreja de Cristo hoje, haja vista o número crescente de pessoas que não aceitam mais congregar, vivendo “desigrejadas”; outras que até congregam, mas o fazem, se auto-pastoreando, porque não aceitam ser liderados por outros, afinal, "por que Deus não fala comigo diretamente", dizem. A questão é que muitas das vezes serão os menos capacitados que serão escolhidos para que possamos entender que a glória é do Senhor e não do homem. Não há forma mais eficaz de tratamento de um caráter altivo do que isso.

     Miriã tomara a frente de Arão e ambos a de Moisés; Deus trata de ordenar as coisas quando chama para entrarem na tenda do encontro, pela ordem: Moisés, Arão e Miriã: “Logo o Senhor disse a Moisés, Arão e Miriã, vós três, saí ã tenda da congregação” (Nm 12:4). Quando o Senhor desceu, chamou Arão e Miriã a Sua presença e precisou dizer, mesmo depois de tantas experiências passadas, quem era Moisés, a quem Ele tinha escolhido, e lhes perguntou por que não tiveram temor em fazer o que fizeram. A ira se acendeu, Deus se retirou deles, e quando a nuvem se afastou, Miriã estava leprosa, condenada precocemente a não mais andar como nação, mas viver isolada. Graças a Deus, a misericórdia triunfou sobre o juízo, à exata medida do arrependimento e Miriã pode ser restaurada.

     Irmãos, deixando a estação do “povoado”, possamos entender esse importante princípio da autoridade espiritual que o Senhor estabeleceu na edificação da Sua Casa. Sigamos em frente convictos de que a verdadeira autoridade espiritual não se impõe mas se manifesta naturalmente. Deus nos abençoe.

Pr Marcos Reis


RUA JOSÉ PINTO, 10 - SÃO BENTO - DUQUE DE CAXIAS - RJ