Salmo 85 - O amor e a verdade se encontram
A alegria em "voltar para casa", de retornar ao propósito eterno, nas palavras desse salmo, é uma benção recebida do Senhor. No tempo em que o povo não quis ouvir o Senhor, sofreu, andou errante, trazendo a indignação de Deus sobre si mesmo. Assim também podemos dizer, que a misericórdia nos alcançou, primeiro gerando em nosso coração o desejo pelo Deus vivo, pelos seus tabernáculos, tão amáveis. A sua graça e misericórdia nos reposicionou, e, uma vez, com o coração e mente alinhados, experimentamos a sua glória e o seu constante amor. Ele jamais despreza uma vida que o deseja de todo o coração. Dele é o querer é o efetuar, o iniciar e o finalizar, no meio desse processo, e preciso que somente exista o nosso desejo em se unir a Ele
Infelizmente, ou felizmente, por causa da nossa insistência em não querer dar ouvidos a Ele, Deus precisa levar-nos a passar por dificuldades exatamente para entendermos que a escolha por uma falsa liberdade, em dirigir-nos a nós mesmos, é inútil e infrutífera. Agora restaurados, aprendemos o que antes não queríamos fazer: “Escutarei o que Deus, o Senhor disser” (85:8). Em outras palavras: aprendi a lição e não quero mais negligenciar a sua voz. “Não voltarei à loucura” (85:8). É loucura andar no seu próprio caminho, é ir em direção ao cativeiro do próprio ego. O tempo longe da presença ensinou isso e graças a Deus, tivemos oportunidade de voltar. Muitos, porém, não têm e acabam morrendo longe e isso é muito triste.
Alguém pode perguntar: E o amor de Deus? Aqui há algo muito importante a se aprender: não podemos nunca desassociar o amor e a verdade; a retidão e a paz. Eles andam sempre juntos. Um não existe sem o outro. Quantos querem confiar no amor de Deus, mas ao mesmo tempo negligenciam a sua Verdade? Amor sem verdade não é amor, não produzirá nenhuma cura; assim também toda a verdade precisa ser encharcada em amor para que não se perca em soberba, legalismo e religiosidade.
O verdadeiro evangelho do amor jamais excluiu a verdade. Ambos são inegociáveis. Ainda que muitos insistam numa “super graça” onde Deus "aceita tudo por amor", isso se mostrará, muito em breve, um grande equívoco. Só há a verdadeira paz no ambiente de uma vida de retidão. A recompensa que só entende quem vive, é que andar com Deus fará com que cada uma das nossas necessidades sejam supridas. Na presença dele a "terra produzirá o seu fruto" (85:12). Todo esforço em ganhar o mundo pela força do próprio homem que estabelece o seu próprio caminho é vento. No fim, o desejo real de dos que tem em Cristo a sua suficiência: “Ele nos fará andar no caminho aberto pelos seus passos” (85:13). Andar naquilo que Cristo já fez é a maior definição de paz e descanso que podemos experimentar. Viver assim é voltar para casa, é ser liberto do cativeiro. Que este seja o suspiro da nossa alma!
Pr Marcos Reis