ABRÃAO - A CAMINHADA DA FÉ - O CORTE E O SINAL DA ALIANÇA
Aliança, diferente de promessa, é algo consumado. A promessa “será”; a aliança “é”. Ela se mantém firme mesmo quando as circunstâncias naturais não são evidentes, porque é estabelecida no Filho. “O Filho gerado das tuas entranhas” (Gn 15:4) era fisicamente Isaque, mas espiritualmente, sabemos representar Cristo. Ele é o Descendente sobre quem repousa a nossa fé; Ele é a certeza do que se espera e a convicção dos fatos que não se vêem. Nunca existirá uma verdadeira aliança, em qualquer relação, onde Cristo não esteja presente. Amizades, casamentos, sociedades de negócios… Ah se entendêssemos isso, quantos problemas evitaríamos nas nossas vidas. Essa é uma verdade imutável que precisa ser percebida nesse tempo: nada se sustenta nos afetos naturais, tudo só subsiste em Cristo.
“O Senhor fez aliança com Abrão” (Gn 15:18). Pode parecer estranho de se entender, mas a tradução para a palavra “fez" é CORTAR. A frase traduzida literalmente é “o Senhor cortou uma aliança com Abrão”. Os animais do sacrifício, que simbolizam Cristo, foram cortados na cerimônia. Entrar em aliança com Deus é cortar vínculos naturais, terrenos, com esse mundo em todos os níveis. Não há aliança sem perdas. E aqui é a grande questão porque muitos de nós não avançamos do nível da promessa para o da aliança; não aceitamos abrir mão! Para que nós não nos mantivéssemos separados de Deus, Ele, por um tempo, foi cortado do Pai! Essa é a Aliança de Cristo. O próprio Getsêmani é a luta interna do Filho em tomar o cálice, que não era a dor do chicote ou dos pregos, mas a do corte da comunhão eterna! A vitória Dele no jardim, através da oração, precisa ser igualmente a nossa vitória! Quem é chamado por Deus para ter uma aliança com Ele, vai abrir mão de tudo aquilo que não estiver ligado a Cristo.
Se por um lado a aliança tem o poder de nos fazer receber a promessa mesmo sem precisar tê-la fisicamente (Abraão recebeu sem nunca ter tomado posse fisicamente); ela, com num casamento, será manifestada na terra através de um sinal! Não existe aliança sem um sinal que a expresse. Em Noé, um arco visível foi levantado como um sinal da aliança de Deus com a humanidade. Os animais cortados e a tocha acesa passando por suas metades representa o sinal da aliança de Deus consigo mesmo: “e que havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1:20). O sacrifício de Cristo é o grande sinal da aliança eterna de Deus reconciliando, nele mesmo, todas as coisas! Numa cerimônia de casamento, saímos com um anel no dedo como sinal fisico do nosso relacionamento eterno. O sinal da aliança de Deus com Abraão foi a circuncisão, que era feita com a retirada da carne do prepúcio do homem. A aliança com Deus só pode ser estabelecida se toda a força da carne for desfeita: “Nós somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne” (Fl 3:3). Infelizmente, assim como muitos casados hoje deixaram de usar o anel como símbolo da sua aliança de casamento, muitos passaram a viver uma vida confiando no braço da carne, deixando de evidenciar a aliança com sinais claros de uma vida no Espírito. As coisas físicas não trazem a realidade de uma verdadeira aliança, elas a expressam! Não se engane! O físico sempre expressará o celestial. O amor à esposa, o respeito ao marido, a honra aos pais, o cuidado dos filhos, a diligência no trabalho, o cuidado da casa, a obediência, nosso modo de vestir e falar, tantos exemplos poderiam ser dados… Estes sinais não devem ser negligenciados! Pensemos se isso pode significar que muitos de nós podem ainda não estar vivendo uma aliança verdadeira com Deus! É após a circuncisão que os nomes são mudados, ou seja, sinais evidentes de uma aliança verdadeira mudam a perspectiva do mundo a nosso respeito. Os sinais que expressamos mostrarão a realidade da nossa aliança com Deus. É a partir do sinal que seus nomes são mudados: “Serão chamados Abraão e Sara…” (Gn 17:5,15).
Por fim, uma aliança é feita na fidelidade do coração: “Elegeste Abraão, achaste o seu coração fiel e com ele fizeste uma aliança" (Ne 9:7-8). Deus não vê como vê o homem, Ele vê a intenção do coração. Davi foi achado como um homem “segundo o coração de Deus”, ele buscava isso: "unifica o meu coração ao Seu coração” (Sl 86:11). Que vivamos uma verdadeira aliança com Deus, com nossos corações íntegros e fiéis, cortados desse mundo e com sinais evidentes dessa realidade celestial eterna.
Pr Marcos Reis