COMUNHÃO DO ESPÍRITO - V
“É melhor ter companhia do que estar sozinho, porque maior é a recompensa do trabalho de duas pessoas. Se um cair, o amigo pode ajudá-lo a levantar-se. Mas pobre do homem que cai e não tem quem o ajude a levantar-se! E se dois dormirem juntos, vão manter-se aquecidos. Como, porém, manter-se aquecido sozinho? Um homem sozinho pode ser vencido, mas dois conseguem defender-se. Um cordão de três dobras não se rompe com facilidade” (Ec 4:9-12)
Quando Deus criou o homem, imediatamente deu a ordem para que não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, que sabemos ser uma alusão à proibição de que fosse guiado pelo seu próprio desejo individual. O homem aprendia aqui a necessidade total e absoluta da dependência de Deus, através de Cristo, a Árvore da Vida. Dito isso, a primeira declaração de Deus a respeito do homem, no que diz respeito ao cumprimento da sua vocação, foi: “Não é bom que o homem viva só” (Gn 2:18). Ele teria uma missão poderosa no governo e manifestação de Deus na terra, porém seria impossível cumpri-la sozinho. A realidade central da nossa origem é que fomos criados para dependermos uns dos outros. E isso é maravilhoso! A comunhão do Espírito é a forma de Cristo expressar a beleza da dependência mútua entre irmãos na família de Deus.
Hoje em dia, vemos um mundo caído, envenenado pela árvore proibida, que busca somente seus próprios interesses e desejos, com pessoas que, insanamente, pensam que quanto mais independentes forem, mais poderosas serão. Com orgulho dizem: “Eu não dependo de ninguém!". Terrível engano de satanás! Quem é filho de Deus não vive nesse erro. Vemos que na Criação, antes do pecado, não era assim. Tudo sempre foi estabelecido por Deus para que aprendêssemos e vivêssemos a beleza do relacionamento de dependência mútua. É muito melhor ter companhia do que viver sozinho. O sábio Salomão, em provérbios, já diz que o motivo do "que se isola é porque este procura o seu próprio interesse" (Pv 18:1). “Dois" têm maior recompensa, se um cai, o outro levanta; conseguem lutar juntos em defender-se. São suportes, uns dos outros. Mas por que isso é tão difícil? Por que muitos insistem em não entender o que é a verdadeira comunhão?
Comunhão não é um simples ajuntamento. Isso qualquer grupo com qualquer finalidade pode fazer, desde que haja um interesse comum. Comunhão não é movida por interesses individuais, mas para o cumprimento da missão em Cristo. Não existe comunhão que não tenha o seu centro em Cristo. Não à toa, tantos estão decepcionados com a comunhão, não porque ela não exista, mas porque ainda não entendem o significado exato da mesma. Chamam de comunhão o que não é comunhão. Simples.
A Bíblia fala para termos um mesmo modelo de pensamento, emoção e vontade. Pensem o mesmo, falem o mesmo e sintam o mesmo no Senhor! Sem Cristo isso seria uma ditadura do mais forte contra o mais fraco. Em Cristo, no entanto, é um abandonar total do nosso modelo de vida para a vida de Cristo, entrando Nele, nos encontramos uns com os outros. Pensaremos, falaremos e sentiremos o mesmo, não porque o forte suplantou o fraco, mas porque nos tornamos UM, Nele. Jesus disse que os Seus amigos e família são os que fazem a vontade do Seu Pai. Como podemos chamar de amigos quem não tem amizade com Cristo? Como poderíamos ter comunhão do Espírito nesse sentido?
Quando Deus fez a mulher para o homem, ele a fez “correspondente”. Corresponder, não é ser igual, gostar das mesmas coisas; é ser resposta, um ao outro, ao mesmo tempo. O homem seria resposta para a mulher e a mulher resposta pra o homem. Esse é o princípio da comunhão em Cristo, é sermos membros correspondentes uns aos outros. É sermos solução para o outro e termos, no outro, a nossa solução. Deus já derramou Sua plena graça, Seus dons perfeitos sobre o Corpo; viveremos a plenitude, à medida que aprendermos a beleza de ser para o outro, a resposta que ele precisa. Não fique só! É Deus quem diz que isso não é bom!
Deus abençoe
Pr Marcos Reis
