IGREJA - O SACERDÓCIO DA ALIANÇA ETERNA EM CRISTO - I
“Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue, fazei isto todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes desse pão e beberdes desse cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha. Por isso, aquele que comer o pão ou beber o cálice indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor ” (I Co 11:25-27)
Na eternidade, Deus estabeleceu uma aliança com o homem e foi manifestando essa aliança progressivamente desde a criação do mundo. Não são exatamente “sete alianças”, como muitos dizem, mas uma única aliança que brilha cada vez mais até ser Dia perfeito, na sua plenitude, Cristo.
No Éden, antes do pecado, em Adão depois do pecado; em Noé no juízo e na reconstrução da Terra, vemos a manifestação da aliança na forma pessoal. Na quarta expressão da aliança, em Abraão, o Senhor revela que estava o escolhendo para que, através da sua descendência, todas as famílias da terra fossem benditas. Avançava ali a revelação da aliança de Deus com um homem para que, não só este fosse abençoado, mas fundamentalmente, através deste, viesse a benção da salvação para o mundo! Em Moisés ela progride para uma nação santa, escolhida, Israel, como luz para todas as nações da terra, firmando o Seu trono eternamente em Davi, da qual viria CRISTO, a manifestação plena, definitiva e eterna da aliança de Deus.
A igreja é o Corpo de Cristo. Estamos inseridos na plenitude dessa aliança eterna, no pão repartido e no cálice do Seu sangue derramado! “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna… Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida” (Jo 6:54-55). Não podemos comer e beber sem ter o discernimento exato do que é o Corpo de Cristo. Esta é a razão pela qual há muitos doentes e não são poucos os que já morreram: o comer e beber sem discernir. O que seria então participar de maneira indigna da mesa do SENHOR? Primeiro precisamos entender o que significa o "comer e beber” bíblico. Em Noé, por exemplo, os que foram condenados e levados pelo dilúvio “comiam e bebiam”. Será que Noé e sua família não comiam ou bebiam de maneira natural? Cremos que sim! O “comer e beber” bíblico tem a ver com a realização da vontade e propósito do Pai: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4:34). Esse capítulo começa relatando que, enquanto os discípulos foram à cidade comprar comida, Jesus, cansado da viagem, pediu que uma mulher, lhe desse água para beber. O texto todo se desenrola e não vemos Jesus beber nem comer nada! Não era sobre comida ou bebida física, era sobre o propósito da vontade de Deus. Então comer e beber indignamente significa participar da mesa negligenciando o propósito da aliança eterna de Deus, na qual a igreja está inserida.
A Aliança de Cristo é uma aliança representativa, coletiva, do Corpo, não é individual! Não diz respeito somente a nós! O próprio texto de Coríntios mais a frente vai ressaltar que “devemos esperar uns pelos outros” e que “quem tem fome coma em casa” (I Co 11:33-34). A individualidade e o egocentrismo tem sido a evitável causa de doença e morte entre o povo de Deus. Este é o significado de participar de forma indigna: negligenciar o fato de que Deus nos elegeu, como igreja, não para nós mesmos, mas para vivermos um sacerdócio que reflete a glória de Deus na revelação da salvação ao mundo. “Portanto quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (I Co 10:31). Se a candeia ou o sal rejeitar o seu propósito, que é iluminar e salgar, para que serviriam mais, senão serem lançados fora? Nossa luz precisa brilhar diante dos homens para que vejam e glorifiquem ao Pai que está nos céus (Mt 5:13-16). Deus não está criando personagens protagonistas individuais. Ele forma uma nação santa para Ele! “Sem santificação NINGUÉM verá a Deus”. Ele está nos tornando santos para que possa ser visto através de nós. Sem o véu da imaturidade, da escravidão e incompreensão da Aliança eterna de Cristo, como filhos, somos como um espelho que ao mesmo tempo que é transformado, contemplando o Senhor, reflete Sua glória aos homens (II Co 3:18).
O ego é o nosso maior inimigo pois ele nos faz querer ser herói de uma história que Deus nunca escreveu para nós. O diabo é mestre em oferecer ajuda para realizarmos nossa vontade; por isso disse a Jesus para usar o seu poder e transformar pedras em pão, para comer e atender a sua necessidade. O deus do ventre promete felicidade a partir da realização dos nossos desejos e muitos estão interpretando a palavra do SENHOR de maneira que os satisfaça. O apetite do “eu” não deve ser objeto da nossa atenção porque ele nunca se satisfaz. Viver para “comer e beber” a nossa própria vontade é o caminho para a reprovação na mesa do SENHOR! E quem é reprovado na mesa, é reprovado no Reino! “Até que o beba, novo, no meu reino (Mc 14:25). Nessa mesa, somos o alimento: “Embora sejamos muitos, somos unicamente um só pão, pois todos participamos do mesmo Pão” (I Co 10:17). Nesse mundo de fome, não somos os carentes, somos os provedores, com nossas próprias vidas, somos o alimento!
Deus abençoe,
Pr Marcos Reis