Discipulado de Cristo - A centralidade de Cristo

O DISCIPULADO DE CRISTO - A CENTRALIDADE DE CRISTO

"Pela terceira vez Jesus perguntou: Simão, filho de João, tu me amas?Pedro ficou angustiado por Jesus haver-lhe perguntado pela terceira vez tu me amas, e assegurou-lhe: Senhor, Tu conheces todas as coisas e sabes que eu Te amo! Comissionou-o Jesus: Apascenta as minhas ovelhas." (Jo 21:17). 

     Certa vez, perguntei a um amigo ministro pastor muito especial: "Quantas ovelhas você tem". Ele, de maneira inocente e bem-intencionada, me falou o número de "ovelhas que tinha em sua igreja"; e então, nós dois pudemos ter uma boa conversa a respeito deste importante assunto no evangelho: o discipulado. Ao final da conversa, depois de entender biblicamente o discipulado, chegamos à conclusão de que não tínhamos igreja; não tínhamos ovelhas, nem discípulos: tudo isto é propriedade unicamente de Cristo! "Pedro, apascenta as MINHAS ovelhas", em outro lugar ao mesmo Pedro: "Eu edificarei a MINHA igreja".

     Há um grande problema que permeia o seio da igreja do Senhor atualmente: homens, que deveriam ser apenas "mordomos", têm se tornado donos daquilo que é exclusivamente de Cristo! Nenhum homem, chamado para o ministério, tem ovelhas, discípulos ou igreja nesta terra. Todos estes já tem dono. Não podemos nos assenhorar daquilo para o qual fomos chamados apenas para cooperar. Esta deve ser a essência do discipulado: a ordem do "ide fazei discípulos" é para que estes discípulos sejam de Cristo. 

    Pessoas que fazem discípulos para si, aos quais acabam dominando, não refletem o verdadeiro discipulado de Cristo. Não existe "cobertura espiritual" de homem sobre homens. Nossa cobertura é Cristo. Os ministros são presentes do Senhor para a igreja, a fim de que todos cheguemos a plenitude da maturidade, à estatura de Cristo. Ministros são servos, e não chefes. Jesus disse que no mundo os homens governam sobre outros homens, e que no reino, entre nós, não seria assim (Mt 20:26). Aquele que quisesse ser grande seria servo dos irmãos. Ministério não é ser servido, mas servir. O verdadeiro discipulado precisa ser estabelecido no servir ao outro, trabalhando, cooperando com Cristo a fim de que todos cheguemos à maturidade, à estatura da perfeita varonilidade.

     Algo precisa ficar muito claro: no reino, homens não governam e sujeitam outros homens. Governam e sujeitam a terra, animais, coisas; quanto a homens, o verbo é multiplicar. O verdadeiro discípulo de Cristo, ministro maduro, que está cheio da vida de Deus multiplicará segundo sua espécie, ou seja, gerará em Cristo, homens cheios da graça de Deus e de sua vida! Todos, absolutamente sujeitos a Cristo.

"Deus os abençoou e lhes ordenou: Sede férteis e multiplicai-vos! Povoai e sujeitai toda a terra; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todo animal que rasteja sobre a terra!" (Gn 1:28).

     Os ministros servem, aconselham, estão disponíveis, amam,  mas jamais devem governar outros. O governo é absoluto e irrestrito de Cristo. Isso não é uma forma de dizer que cada um deve fazer o que quiser, ao contrário, alguém cheio da vida de Cristo entende a autoridade de um ministro em uma área que Deus estará usando para a edificação do Corpo de Cristo. Assim é a pluralidade do Corpo de Cristo. O reconhecimento desta autoridade, a submissão "uns aos outros" não deve ser algo "de fora para dentro", mas algo que vem de uma vida cheia do Espirito de Deus. 

     Se nossa experiência cristã de conduta estiver fundamentada em incentivos humanos, em regras religiosas, em doutrinas de homens, em estados de vigilância, ela não pode ser considerada verdadeira. O relacionamento com o Espírito Santo vai nos levar a entender a vontade de Deus para nossas vidas. É o Espírito Santo quem nos guia em direção à Verdade. Não podemos entender que Deus não usa homens para cumprir os seus propósitos: Deus fala através de homens. Isso não deve ser entendido como um incentivo para "cada um viver por si" de forma supostamente espiritual, que na verdade é egoísta, pois Deus trabalha através da unidade do corpo, mas nossa fé, nossa santidade, não pode estar fundamentada na vigilância de alguém sobre nós. Liderança é incentivo para que outros se acheguem a Cristo verdadeiramente. 

     O discipulado de Cristo nos levará à maturidade; Deus usará pessoas para isso, cabe a nós entendermos quem são aqueles que Deus escolheu para ser bênçãos nas nossas vidas, e assim, possamos prosseguir na carreira que Ele nos propõe e no conhecimento do Filho de Deus. Que possamos pedir a Deus que a nossa fé não esteja fundamentada em nenhuma "muleta" ou "escora" que não seja o próprio Cristo. Cada um dará conta de si mesmo ao Pai.  

Pr Marcos Reis


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