O “EVANGELHO DE JEROBOÃO” – AS DUAS DINASTIAS DO REINO
"Disse Jeroboão consigo: Agora tornará o reino para a dinastia de Davi. Se esse povo subir para fazer sacrifícios no templo do Senhor, em Jerusalém, o seu coração se tornará para o seu senhor, Roboão, rei de Judá. Eles me matarão e tornarão Roboão rei. Pelo que o rei, tendo tomado conselho, fez dois bezerros de ouro. E disse ao povo: É muito trabalho para vós, o subir a Jerusalém. Vês aqui teus deuses, que te fizeram subir da terra do Egito. Pôs um em Betel e o outro em Dã. E isso se tornou em pecado, o povo ia até Dã para adorar o bezerro de lá. Jeroboão fez casa nos altos e constituiu sacerdotes de todo o tipo de gente, embora não fossem dos filhos de Levi. Instituiu uma festa no oitavo mês, ao décimo quinto dia do mês, como a que se celebrava em Judá e sacrificou no altar. Semelhantemente fez em Betel, sacrificando aos bezerros que tinha feito. E em Betel estabeleceu sacerdotes nos altos que levantara. Sacrificou no altar que fizera em Betel, no décimo quinto dia do oitavo mês, mês que tinha escolhido a seu bel prazer. Assim ordenou uma festa aos filhos de Israel e sacrificou no altar, queimando incenso”. (I Re 12:26-33)
A partir da morte de Salomão, rei de Israel, Roboão seu filho reinou por pouco tempo sobre todas as doze tribos. No seu tempo, o reino foi dividido em duas partes: Reino do Sul, ou Judá, que ficou com as tribos de Judá e Benjamim e Reino do Norte, ou simplesmente Israel, que foi composto pelas outras dez tribos. Jeroboão, reinou sobre Israel em Samaria, enquanto Roboão reinou sobre Judá, em Jerusalém.
Se percebermos bem, os nomes Jeroboão e Roboão, são quase idênticos. Também os seus significados. Roboão significa: “Deus aumentou o povo” e Jeroboão, “o povo se tornou numeroso”. Numa visão rápida, parecem sinônimos, mas não são! Roboão, da Casa de Davi, fala de um crescimento que Deus estabelece; Jeroboão, fala também de um crescimento, mas que se faz com as próprias forças.
Após essa divisão, duas dinastias são estabelecidas como padrões de agrado e desagrado ao Senhor. Podemos ver claramente que muitos reis de Judá que se seguiram, quando contadas as suas histórias, eram reputados por terem ou não “andado conforme Davi seu pai”, no tocante ao fazer a vontade de Deus; e, igualmente, muitos reis de Israel, foram medidos por “andarem ou não no caminho de Jeroboão”, dada suas atitudes. Duas dinastias são estabelecidas, no tocante ao agrado do Senhor: A dinastia de Davi e a dinastia de Jeroboão. Ambos são reino, porém somente um agrada ao Senhor.
Jeroboão foi um homem valente, capaz e trabalhador que esteve com Salomão (I Re 11:28) como chefe dos que realizavam trabalhos forçados, uma alusão clara à força do braço da carne; era filho de uma viúva, e se rebelou contra o rei (I Re 11:26), por isso acabou fugindo para o Egito (I Re 11:40). Jeroboão fala de uma geração competente, valente e esforçada, porém carnal, sem paternidade, sem o exemplo de um pai que o ensina, tende a andar lado a lado com a rebeldia e em alianças com o mundo. Uma casa que confia no próprio braço, que quer fazer as coisas do seu próprio jeito, que quer estabelecer um reino com decisões próprias a seu bel prazer. A falta de paternidade na vida de Jeroboão o forjou a confiar nele próprio e nas suas próprias decisões, o que acabou o levando a ruína.
Vemos que ele, após assumir o reino, não tinha a segurança de um rei colocado por Deus. Tinha medo de perder o reinado e seu nome. Sempre que nossas conquistas são estabelecidas mediante um caráter de autossuficiência, a insegurança será nossa companhia. Jamais temos paz, pois vivemos com uma impressão de que perderemos o que conseguimos a qualquer momento.
“Se o povo voltar para o templo em Jerusalém, o seu coração se tornará ao seu senhor e me matarão”. Nesse “reino” não há espaço para a Casa de Deus e para Sua Santa Cidade. Se o nome de Cristo for colocado no centro e o foco da mensagem for a edificação da Sua Casa, esse “reino” simplesmente se desfaz. Carne e sangue não podem herdar o reino dos céus. A insegurança fez Jeroboão criar uma adoração falsa para sustentar o seu reino e seu “ministério”. Bezerros de ouro em lugar do Deus Todo Poderoso; sacerdotes de todo o tipo de gente, em lugar de homens consagrados para a tarefa; altares fora de Jerusalém.
Amados, nós somos da Casa de Davi, nossa dinastia e nossa centralidade é Cristo; nosso crescimento não é fruto de esforços próprios, competência, talento ou estratégias humanas. É Deus quem precisa fazer o povo crescer. Qualquer coisa que o homem faça com suas próprias forças, ainda que cresça, pois ele sabe como fazer isso, não subsistirá.
Pr Marcos Reis