O DISCIPULADO DE CRISTO – AMAI-VOS COMO EU VOS AMEI
“E o meu mandamento é este: que vos amei uns aos outros, assim como vos amei” (Jo 15:12).
É verdade que a centralidade da nossa dependência deve ser unicamente em Cristo. Nossa fé não pode estar apoiada em personalidades, estruturas, dogmas ou doutrinas humanas. O discipulado de Cristo nos levará a sermos semelhantes a Ele, à maturidade, à estatura perfeita que só pode ser vista nele mesmo. Somos esta casa fundamentada na rocha que permanece de pé mesmo diante dos ventos, águas e tempestades. Cristo é o centro de tudo.
Também é igualmente verdade que Deus usa homens nesta terra. Se manifesta através de pessoas como eu e você, os quais Ele conclama a abandonar as suas vidas, suas paixões, para que tenhamos a vida eterna, a vida do Pai operando em nós e através de nós. Talvez não sejam muitos, mas Deus está levantando sim, alguns nesta terra, que, pelo trabalhar do Espírito Santo, têm deixado de amar as suas próprias vidas e entregando-se ao propósito de serem filhos de Deus que expressem a vida de Cristo. Assim o amor de Deus é conhecido: Deus sempre usou e sempre usará pessoas.
Quando falamos de não nos apoiarmos em homens, falamos de não colocarmos a nossa confiança e até mesmo a nossa devoção e adoração em personalidades, todavia entendemos que, será através de pessoas, que o Senhor tocará nesta terra os corações angustiados. Não somos chamados para controlar ou governar uns aos outros, mas para amar. É absoluta a verdade irrevogável da centralidade de Cristo, e também, verdade, que não devemos caminhar sozinhos. Que devemos sim, ajudar e admoestar uns aos outros, sempre mais, até que chegue o Grande Dia do Senhor: "Não deixemos de congregar, como é costume de alguns, mas pelo contrário, motivemos e admoestemos uns aos outros, tanto mais quanto vedes que o Dia está se aproximando" (Hb 10:25)
Mas o que é o verdadeiro amor? Como amar uns aos outros assim como Jesus nos amou? Muitos pensam que amor verdadeiro, ou a amizade verdadeira é apoiar sempre independente do que se faça certo ou errado; que o amor é nunca discordar. Este pensamento é errado. Quem tem o verdadeiro amor de Deus nunca conseguirá ver a pessoa amada caminhar por um caminho de morte sem avisa-la; não conseguirá ficar inerte assistindo a uma tragédia anunciada. Amar verdadeiramente não é necessariamente uma atividade sempre popular. Jesus amou a todos como ninguém mais tinha amado antes dele, nem depois, mas nunca deixou de repreender e falar sempre a verdade; e exatamente por isso foi morto. Somos tendenciados a não entender o que é o amor verdadeiro, pois muitas das vezes não estamos atrás do amor, mas de aprovação.
Devemos amar como Jesus amou. Sem interesses, sem esperar nada em troca, mas acima de tudo, desejando que a pessoa amada chegue ao seu propósito definido e desenhado em Deus. Na medida do possível, auxiliarmos e sermos auxiliados, uns aos outros, a fim de que cheguemos ao alvo. Algumas vezes confrontaremos e seremos confrontados em amor, e quando confrontados, devemos avaliar qual o motivo do confronto. Se for para o nosso bem, não seria uma evidência de que esta pessoa nos ama? Não deveríamos nos afastar de pessoas que nos amam e nos aproximar de pessoas que simplesmente nos aprovam. Amor não é sempre sinônimo de aprovação.
Jesus repreendeu Pedro; Tiago e João, Tomé, o jovem rico, a quem o texto diz que ele "olhando para ele o amou". Esse é o amor de Cristo: o amor que nos leva a Deus, a uma vida plena na presença de Deus. Num ambiente de amor, você pode não ser apoiado por tudo, mas será amado por todos. Um outro exemplo é Jó, que tinha três amigos, Elifaz, Bildade e Zofar. Nenhum deles falou para Jó a verdade a respeito de Deus. Quanto a Eilú, que não é chamado no livro de seu amigo, foi este que disse a ele exatamente o que ele precisava ouvir, para que voltasse para o centro da vontade de Deus e assim pudesse O conhecer perfeitamente. O nome Eliú significa "Ele é Deus".
Amemos uns aos outros como Jesus nos amou. Deixemos ser amados por aqueles a quem Deus tem constituído para nos ajudar. O papel de um homem no discipulado de Cristo não é controlar ou governar pessoas, mas amá-las.
Pr Marcos Reis