DO MUNDO A JESUS, DE JESUS AO CRISTO IV

DO MUNDO A JESUS, DE JESUS AO CRISTO IV

“Mas eles o constrangeram dizendo: Fica conosco, porque é tarde, e o dia declina. E entrou para ficar com eles. E aconteceu que quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou e, tendo-o partido, lhes deu e então se lhes abriram os olhos e o reconheceram…” (Lc 24:29-31)

Jesus, o Unigênito de Deus, deu a sua vida para se tornar o primogênito de muitos irmãos. O único Cristo se deixou ser repartido e derramado para que todos nós pudéssemos ser Cristo com Ele. O grão de trigo se não morresse, se preservasse sua própria vida, ficaria só; morrendo, deu muito fruto. Nós somos fruto do repartir e derramar de Jesus. “Portanto, embora sendo muitos, somos um só pão, um só corpo, porque todos participamos do único pão” (I Co 10:17). Somos Cristo nesse mundo e, como Jesus Cristo, somos levantados como instrumentos que Deus vai usar para realizar coisas maravilhosas, através das nossas vidas, repartindo e derramando do Filho, que habita em nós, a todos quantos tiverem fome. Não procuramos preservar a nossa vida, ao contrário, estamos certos que fomos chamados para nos entregarmos, tendo assim, o Senhor, mais frutos para o Seu Reino.

Dois discípulos no caminho de Emaús, mesmo tendo andado com Jesus, não o reconheceram até que, na mesa, o pão fosse repartido. O repartir do pão é a chave do entendimento de Cristo. Emaús significa “águas quentes”, o que dá a idéia de lugar confortável. É certo que os dois discípulos, procuravam, naturalmente, preservar suas vidas, fugindo de uma Jerusalém caótica e perigosa pelo acontecimento da morte de Jesus. Mais que natural quando não se tem ainda a revelação do Cristo, buscar sempre o conforto do atendimento das nossas próprias necessidades e segurança. É quando Cristo é reconhecido pelo partir do pão, que os olhos são abertos, e a segurança e necessidade própria dá lugar ao cumprimento do propósito. A vida de quem conhece Cristo não é mais preciosa aos seus próprios olhos: “E agora, constrangido em meu espirito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão o que o Espirito, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações. Porém em nada considero a vida por preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 20:22-24). Igualmente os discípulos: “E, na mesma hora, levantando-se, voltaram para Jerusalém, onde acharam reunidos os onze e outros com eles”(Lc 24:33). Quem participa do pão de Cristo, tem os olhos abertos,  e quem tem os olhos abertos nunca mais tem a vida centrada em si mesmo.

A transição necessária da dimensão dos desejos atendidos à responsabilidade assumida. E os problemas? E as crises que tanto nos incomodavam? Ora, se estivéssemos ainda no deserto, reclamaríamos, murmuraríamos, esperaríamos a solução de outro, para que finalmente tivéssemos satisfação. Como cidadãos do reino dos céus, participantes das delícias de Cristo, nossa “Terra prometida”, trazemos as novidades do outro lado das águas, repartindo e derramando na vida daqueles que ainda não O conhecem, a fim de que seus olhos, igualmente, sejam abertos. O que antes era motivo de tristeza e agora é o ambiente onde Cristo nos plantou para sermos a alegria. É como o fogo para um bombeiro: para todos é um problema, para ele é a razão da sua existência, do seu chamado, do seu propósito. Enquanto uns, naturalmente, fogem do fogo para preservarem suas próprias vidas, outros vão ao seu encontro porque sabem que estão ali para vencê-lo. Só somos a luz do mundo porque esse mundo está em trevas. É assim que alguém que reconhece Cristo verdadeiramente vive! Nossas amizades, casamentos, trabalho, alianças; nada disso é mais visto como instrumentos para nossa satisfação, que quando, falham, não servem mais. Ao contrário, é quando eles não funcionam do jeito que queremos é que Deus nos orienta a insistir a fim de que sejamos ali um pão partido que traz entendimento e cura.               

Que conheçamos CRISTO e não estejamos estacionados numa visão equivocada a respeito de Jesus. O “deus ventre” não deve ser alimentado. Precisamos, de verdade, participar do pão e do sangue! A nossa percepção de mesa precisa ser alinhada para que não sirvamos mais a nós mesmos, buscando sempre nossa própria satisfação. Brevemente, quando se findarem os dias dessa era, seja com a volta de Cristo, ou com a nossa partida, não haverá mais choro, problemas, crises, nem noite, nem templo! Ninguém mais precisará ser repartido e derramado. O tempo, a rica oportunidade, é agora, o dia já se declina, não podemos sequer dormir uma noite a mais no lugar do nosso conforto, precisamos retornar: “Já está tarde!”

 

Deus abençoe
Pr Marcos Reis


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