OS DIAS DE LÓ – EVANGELHO É CELESTIAL
"A mesma coisa aconteceu nos dias de Ló. Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e construíam. No dia porém que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre e os destruiu a todos” (Lc 17:29)
Os “dias de Ló” é um tempo muito parecido com o que vivemos hoje. Ló foi um homem, que teve a oportunidade de conhecer o propósito de Deus através de Abraão. Saíram de Ur dos caldeus, chegaram à Canaã, desceram ao Egito, enriqueceram. Na volta do Egito, houve contenda entre os pastores de Ló e Abraão, pois a terra já não podia suportar tantos bens. Ló, então, se aparta de Abraão. É nesse instante que Ló, escolhe as campinas do Jordão, armando suas tendas até Sodoma. Aos olhos físicos, era deslumbrante o lugar. Vale perceber que não foi a falta que afastou Ló da promessa, mas a fartura. Os bens eram muitos. Interessante, pois só isso já seria suficiente para entendermos a natureza celestial e não terrena do verdadeiro evangelho. Entendemos porque é tão difícil (mas para Deus não há impossível) um rico, nas palavras de Jesus, entrar no reino dos céus. O amor ao mundo, às riquezas e conquistas dessa terra, foi o que afastou Ló e tem afastado tantos nos dias de hoje. Eis aí a semelhança dos dias atuais com os dias de Ló.
Quando uma guerra “dos quatro reis contra cinco” (Gn 14:11-12) se levantou, Sodoma foi capturada, e Ló com ela. Abraão guerreou e livrou Ló, porém, Ló voltou para lá. Definitivamente o coração de Ló amava Sodoma e seus benefícios. Embora Pedro diz que ele, como justo, afligia a sua alma, com as atitudes do lugar (II Pe 2:7-8), jamais teve a determinação de tomar a decisão de sair. Impressiona a semelhança com nossos dias, onde vemos que muitos entendem que o mundo tem estado cada vez mais desordenado; e que este sistema não é compatível com o reino do Senhor, mas mesmo assim, teimam em negociar com ele. Muitos pensam: “Só mais um pouquinho, amanhã eu saio”. E nunca saem. Ló chegou ao ponto de se assentar na porta da cidade, um lugar de negócios, para lucrar com os benefícios que Sodoma lhe dava. Acontece que o juízo estava vindo. E Deus não ocultou isso de Abraão.
Os mesmos anjos que se hospedaram, comeram e beberam quando foram visitar Abraão, lhe dando finalmente a promessa tão esperada; partiram para Sodoma, para a julgar. Não quiseram a princípio sequer passar a noite na casa de Ló, só o fazendo depois de muita insistência, “antes na rua passaremos a noite” (Gn 19:2), tamanha era a reprovação de Deus em relação ao lugar. É exatamente isso que o Senhor espera de nós: “Não nos conformar com esse mundo” (Rm 12:1). Apesar de não aprovar as atitudes de Sodoma, Ló, os considerava irmãos: “meus irmãos, rogo-vos que não façais mal” (Gn 19:7). Ló era um crente justificado, porém não era santo. Não conseguiu se separar de Sodoma.
É verdade que Deus livrou Ló no juízo, através da intercessão de Abraão. E também é verdade que Ló representa aqueles que são salvos “pelo fogo” (I Co 3:15). Ló não entra no reino, sofre perda, não recebe galardão. Mesmo diante da ordem para se apressar em sair de Sodoma, não o fez prontamente, tendo sido necessário que os anjos o “tomassem pela mão” pois ainda sim “demorava-se” (Gn 19:16). Que triste ser arrancado e sair sem absolutamente nada! Essa é a triste realidade daqueles que edificam com madeira, feno e palha. Estamos sendo avisados todos os dias, e mesmo assim nos demoramos.
Quantos tem escolhido os benefícios do mundo travestidos de bênçãos de Deus! Esquecem do propósito eterno. São absorvidos por um sistema que é agradável à vista. Ainda que tendo a promessa, são tragados pelos prazeres da vida. Como são aparentemente “abençoados” nas portas da cidade; comendo e bebendo, comprando e vendendo; plantando e construindo, tendem a achar que o sucesso nos seus empreendimentos, é fruto da aprovação de Deus. Engano! Deus não pode aprovar nada que seja fabricado nas portas de Sodoma.
Que possamos, meus amados, ter em mente, de maneira clara, que no meio do povo de Deus, sempre haverá a distinção entre Abraão e Ló, entre os que vão até o final estabelecidos na promessa e os que sucumbem ao sucesso passageiro e terreno de Sodoma. A distinção entre eles não é o sucesso financeiro, nem as conquistas terrenas, mas a capacidade das suas obras permanecerem quando provadas junto ao fogo. Abraão herda a promessa, Ló é salvo pelo fogo. Quem somos nós?
Pr Marcos Reis