Salmo 84 - Saudade da Casa Eterna
Sabe-se que o salmista aqui não tem acesso ao tabernáculo de Deus, seja pelo exílio ou outra circunstância, então ele expressa a profunda saudade de casa. A sua alma suspira, e é exatamente essa palavra que pode ser traduzida como “ter saudade” e se esgota, desfalece completamente pelos átrios, ou pela cidade, o lugar cercado do Senhor. Assim nós estamos, nessa peregrinação passageira, cada dia mais que conhecemos o Senhor e o nosso destino, com saudade da nossa casa eterna
Assim foram os homens, heróis da fé, como Abraão, que, nas palavras de Jesus, "exultou por ver o meu dia, viu-o e se alegrou” (Jo 8:56), e a partir daí, habitou satisfeito em sua provisoriedade “pois aguardava a Cidade celestial” (Hb 11:8-10). A cada dia de caminhada e conhecimento de Cristo, vamos nos "esquecendo" dessa vida passageira e ansiando cada dia mais nossa herança eterna! “Ora, os que dizem tais coisas, claramente mostra que estão buscando uma pátria. E, se na verdade, se lembrassem daquela de onde haviam saído, teriam oportunidade de voltar. Agora, porém desejam uma pátria melhor, isto é, a celestial” (Hb 11:14-16). É esse sentimento de total completude em Cristo e sua herança que fez, por exemplo, Rute não ter para onde voltar; fez Pedro dizer “para quem iremos se só tu tens palavra de vida eterna?”. Não se trata de optar por nossa casa eterna, mas de entendermos que SOMENTE temos, verdadeiramente, em Cristo, essa única habitação
Distante, ele vê até mesmo que pardais e andorinhas, pássaros que demonstram a nossa natureza comum, simples, encontram casa e ninho para si e sua prole, sem qualquer mérito perto dos altares do Senhor. Isso é a autentica graça. Essa casa não é conquistada por esforço e merecimento humano, mas pela infinita e estupenda graça de Deus, em Cristo. “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti” (84:5), este homem, mesmo passando pelo vale de lágrimas, árido, faz do Senhor e não das circunstâncias, a sua esperança. De força em força, a força da dependência em Cristo, aparecerão em Sião, perante Deus.
Sabemos que um dia nessa Casa eterna vale mais que mil! Ao contrário da casa física a qual o salmista tinha saudade, o “Dia” aqui é um dia eterno! É este o “Dia" maiúsculo que Hebreus faz questão de enfatizar: “Determina outra vez certo dia, chamando-o Hoje” (Hb 4:7). Por isso entendemos o porquê de tudo se tornar absolutamente irrelevante na vida de Abraão quando ele pôde finalmente ver esse “Dia”. Saudade da casa eterna! Será que este tem sido o anseio mais profundo da nossa alma. Ou teríamos trocado esta gloriosa promessa por coisas desta peregrinação passageira?
A igreja verdadeira é aquela que tem na eternidade, o seu maior anseio. Que deseja, exulta por ver esse Dia, o vê, e tudo o mais perde o sentido. Se não foi assim, ainda não chegamos nesse Dia.
Pr Marcos Reis