RUTE REDENÇÃO E REINO – ÁGUAS DA HUMILDADE
"Perguntou Boaz ao servo encarregado dos ceifeiros: De quem é esta moça? Respondeu-lhe o servo: Esta é a moça moabita que voltou com Noemi do país de Moabe”. (Rt 2:5-6)
Atravessar o Jordão em direção a uma terra que ela não conhecia. Moabe, assim como Amon, fica a leste, ou seja, ao oriente da terra de Israel. A família de Elimeleque, esposo de Noemi tinha ido para lá, fugindo da fome. O pai e os filhos morreram e Noemi, ouvindo falar que o Senhor havia visitado novamente sua terra, decidiu voltar. Era a hora de cruzar novamente o Jordão de volta para a terra de Israel. Das suas duas noras, somente uma, Rute, quis voltar para acompanhar Noemi. Só Rute decidiu cruzar o Jordão, rumo aquilo que ela ainda não conhecia. A princípio, tanto Rute quanto Orfa, queriam acompanhar Noemi, mas depois dos custos estabelecidos, só Rute decidiu ir adiante.
Jordão significa “aquele que desce”. Atravessar o Jordão é sinônimo de humildade e também de autoridade e aprovação. É verdade que Deus ama todos, mas também é verdade que amor não é sinônimo de aprovação. O próprio Jesus, só foi de fato, aprovado, quando cruzou o Jordão, no seu batismo. “Estas coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando” (Jo 1:28). Jesus não foi só batizado por João Batista; o nosso amado Senhor atravessou o Jordão para iniciar seu ministério aprovado por Deus. É necessário descer, passar pelas águas da humildade, e só assim experimentaremos a voz que fala que estamos aprovados e maduros para exercer o que fomos chamados para fazer. O Pai só aprova o que é maduro.
Josué recebeu do Senhor, uma incumbência inicial no seu ministério, antes de qualquer outra coisa: “Moisés meu servo é morto, levanta-te agora e passa esse Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel” (Js 1:2). Acredite meu amado: a plenitude está do outro lado do rio. Para casar com Isaque, Rebeca atravessou o Jordão; para ter unção dobrada que tanto queria de Elias, Eliseu atravessou vários estágios, e o último foi exatamente o Jordão; Israel teve seu único filho, Benjamin, que significa filho da minha destra ou da autoridade, depois do Jordão, pois todos os outros onze foram gerados quando ainda era Jacó. Geralmente, o início de quem decide atravessar o Jordão, é “colhendo o que sobra das espigas nos cantos”, como Rute; mas sabemos, que o final é glorioso. Rebeca casou com Isaque, Rute casou com Boaz! Israel é agora Príncipe do Senhor! A igreja que casa com Cristo é a que decide atravessar estas águas.
Infelizmente, há muitos que não querem atravessar: Todo o Israel que saiu do Egito, com exceção de Josué e Calebe com suas famílias, não atravessou; Ló, porque possuía muito gado, e a terra já não podia suportar os seus pastores junto com os de Abraão, decidiu pelos olhos, ficar aquém do Jordão (Gn 13:5), o fogo depois provaria quem estava certo; as tribos de Rubem, Gade e metade da de Manassés, incrivelmente também por causa do gado (Nm 32:10), decidiram ter o mesmo destino de Orfa, ou seja, não atravessar “aquele que desce”. Aprendemos, que não é a falta das coisas que impedem de se entrar no reino, na plenitude; muitas das vezes é exatamente o contrário, a fartura. Ser rico é um teste que poucos passam. Grandes tesouros só podem estar em mãos de pessoas simples.
Jesus entrou em Jerusalém e foi glorificado pela cidade em cima de um jumento. A glória não era do mensageiro, mas da mensagem que ele carregava. Se existem aquelas tribos que não querem descer às águas da humildade, há também aquelas outras que se sujeitam, na humildade, ao trabalho de servo, como a tribo de Issacar: “Issacar é jumento forte, deitado entre dois fardos. Viu ele que o descanso era bom e que a terra era deliciosa, e baixou o ombro à carga, sujeitou-se ao trabalho de servo” (Gn 49:14-15). Não por acaso, seriam aqueles que “convidariam os povos ao monte, oferecendo ofertas de justiça; sugando a abundância dos mares e os tesouros escondidos na areia” (Dt 33:18-19). Penso que nesse tempo, já está acontecendo o que houve na época de Balaão: Deus está cegando e calando toda a altivez e corrupção de falsos profetas para que, ao mesmo tempo, a audição, visão e fala das mulas e jumentos possam ser propagadas, pois estes sabem que não têm nada de glória em si mesmo. Toda a glória pertence somente ao Rei! Hosana ao Rei, o jumento é só aquele sobre qual o Rei está sendo glorificado.
Quantas bênçãos estão reservadas aqueles que se sujeitam ao trabalhar da humildade nas suas vidas. Nosso Rei é um rei manso e humilde de coração, como poderia haver espaço para que seus seguidores fossem soberbos ou altivos? Seu reino é um reino de humildade de espírito. Os que se sujeitam ao trabalho de servo são os conhecedores dos tempos, no reino de Davi, aqueles que são chamados de guerreiros, que sabem o que Israel deve fazer (I Cr 12:32). A humildade é o caminho da aprovação; e, somente após aprovado, tocaremos nas riquezas que o Senhor tem para os seus. Se queremos ser grandes, sejamos servos dos irmãos, disse Jesus. Assim é no reino. Atravessar o Jordão é a única forma de entrarmos nele.
"Tenham em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo que devia se apegar, mas se esvaziou, assumindo a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens, a achando-se em forma de homem, se humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz, por isso Deus o exaltou soberanamente, dando-lhe um nome que é sobre todo o nome” (Fl 2:5-9).
Pr Marcos Reis